segunda-feira, 27 de abril de 2015

Você come iodo, sim!




Você sabia que a presença de iodo no Sal é uma lei?

Sal é um mineral tão comum na nossa alimentação... Então por que essa obrigatoriedade? Pra que ingerir tanto iodo?

LEI Nº 6.150, DE 3 DE DEZEMBRO DE 1974.
Art. 1º É proibido, em todo o Território Nacional, expor ou entregar ao consumo direto sal comum ou refinado, que não contenha iodo nos teores estabelecidos em Portaria do Ministério da Saúde.



Uma coisa de cada vez! Pra começar, o sal de cozinha, na verdade, Cloreto de Sódio (NaCl), é essencial para o equilíbrio metabólico de fluidos e eletrólitos no nosso corpo. Ele é utilizado domesticamente para salgar e para conservar comida.


CUIDADO!

Ele é usado pra manter EQUILÍBRIO. Então tem limites de consumo também! O excesso de NaCl no organismo causa diversos problemas, muitos derivados do aumento da pressão arterial.


Mas e o iodo?

O iodo é um elemento indispensável ao funcionamento do organismo de mamíferos. Esse mineral participa na formação de dois hormônios da glândula tireoide (tiroxina - T3 - e triiodotiroxina - T4). Esses hormônios são indispensáveis ao desenvolvimento do organismo, agem sobre a maioria dos órgãos e das grandes funções: o sistema nervoso e cardiovascular, a termogênese, os músculos esqueléticos, as funções renais e respiratórias.


Além disso, não é um composto facilmente encontrado em fontes naturais de alimentação, mas, mesmo a partir de uma iniciativa privada, essa obrigatoriedade da iodação do Sal deve ser devidamente fiscalizada pelo Estado.

A necessidade, no mais, foi de auxiliar a prevenir doenças causadas pela falta do iodo (Deficiência de Iodo - DDI). O distúrbio mais conhecido é o Bócio: Hipertrofia da Glândula Tireoide.

Primeiramente, o hipotálamo libera o hormônio estimulante do TSH (hormônio estimulante da tireoide), este atua na hipófise, que secreta o TSH, atuando na tireoide e induzinido a liberação dos hormônios T3 e T4, em que o iodo participa na formação. Tudo isso ocorre em um efeito de feedback em que o estímulo da liberação de T3 e T4 inibe a ação da hipófise sobre o estímulo do TSH.

A deficiência crônica do iodo acarreta o aumento da secreção do TSH e, consequentemente, estimula a função e o crescimento em todas as células foliculares, ocorrendo a formação de nódulos a partir dos tireócitos com elevado potencial para o crescimento. Então, o bócio é esse aumento descontrolado da tireoide, causado, principalmente, pelo aumento da secreção do TSH, que, por sua vez, é causado pela deficiência de iodo.




Mas iodo demais...

...também faz mal! E pode levar a várias doenças, como a tireoidite de Hashimoto, que é uma doença na qual o próprio organismo produz anticorpos contra a glândula tireoide, levando a uma inflamação crônica que pode acarretar o aumento de seu volume (bócio) e diminuição de seu funcionamento (hipotireoidismo) e tem entre seus principais sintomas fadiga crônica, cansaço fácil e ganho de peso.

Então, para evitar essa doença, em 2013 foi aprovada, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), uma medida que reduz os limites de iodo adicionado no sal de consumo humano, pois pesquisas revelaram que a população brasileira consome uma taxa de iodo maior do que a recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), já que consumimos mais sal do que o recomendado também...

Então fica aí o esclarecimento galera! A presença de iodo no sal de cozinha já reduziu e muito os índices de Bócio no Brasil... Mas como foi dito, tudo com moderação! Sal demais também não é a solução.

Esperamos que tenham aproveitado as informações e até a próxima! :)


Referências:

  • BRASIL. Lei nº 6150, de 03 de dezembro de 1974. Sobre A Obrigatoriedade da Iodação do Sal. Brasília, DF, Congresso Nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6150.htm>. Acesso em: 25 abr. 2015.
  • BRASIL. Portal Brasil. Governo Federal. Quantidade de iodo no sal consumido no Brasil será reduzida. 2013. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/saude/2013/04/quantidade-de-iodo-no-sal-consumido-no-brasil-sera-reduzido>. Acesso em: 25 abr. 2015.
  • REFISA. Por que o Iodo é tão importante? 2013. Disponível em: <http://www.refisa.com.br/noticias/por-que-o-iodo-e-tao-importante>. Acesso em: 25 abr. 2015.
  • FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. Por que o iodo é adicionado ao sal de cozinha? Alunos Online. Disponível em: <http://www.alunosonline.com.br/quimica/por-que-iodo-adicionado-ao-sal-cozinha.html>. Acesso em: 25 abr. 2015.
  • GOLBERT, Lenara; MAIA, Ana Luzia. Implicações do aumento da expressão da proto-oncogene Ras no bócio multinodular. 2006. 44 f. Tese (Doutorado) - Curso de Ciências Médicas, Endocrinologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006. Disponível em: <https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/7815/000557517.pdf?sequence=1>. Acesso em: 25 abr. 2015.

7 comentários:

  1. Ótima postagem e bem esclarecedora sobre o iodo. Queria complementar falando dos carcinomas na tireóide. Os carcinomas diferenciados de tireóide apresentam um comportamento biológico heterogêneo que pode estar relacionado a fatores genéticos e ambientais. O conteúdo de iodo da dieta pode influenciar a incidência e o tipo do carcinoma de tireóide. Os pacientes com carcinoma diferenciado de tireóide apresentam peculiaridades como a elevada proporção de carcinoma do tipo folicular, a apresentação inicial sob a forma de bócio e a elevada frequência de metástases pulmonares. Estas características podem estar relacionadas a fatores ambientais, como a diminuição da ingestão do iodo na dieta.
    Moraes, Ilza V. de, and Jorge L. Gross. "Carcinomas diferenciados de tireóide: peculariedades relacionadas a baixa ingestäo de iodo?." Arq. bras. endocrinol. metab 38.4 (1994): 189-93.

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  2. GRUPO L
    Muito relevante abordar essa temática tão presente no nosso dia a dia e que muitas vezes é tratada com simplória. A iodização do sal de cozinha veio para somar na qualidade de vida e na prevenção e promoção de saúde dos brasileiros que sofreram durante séculos pela deficiência de iodo na dieta. O consumo de iodo nos níveis preconizados como adequados (0-7 anos de idade - 90 microgramas (mcg) / 7-12 anos de idade - 120 mcg / Acima de 12 anos de idade- 150 mcg / Mulheres grávidas ou em amamentação - 200 a 250 mcg), e que são fornecidos pela adição de 15 a 45mg de iodo a cada quilo de sal pela nova regulamentação da ANVISA, traz benefícios para o organismo humano, pois se previne a maior causa evitável de deficiência mental existente no mundo, que é o cretinismo endêmico, além de prevenir o bócio e, possivelmente o câncer de tiroide de formas mais agressivas como o carcinoma folicular da tireoide. Como referido no post o maior problema na atualidade não é a falta de iodo e sim o excesso em virtude do consumo demasiado de sal. No Brasil, uma Pesquisa de Orçamentos Domiciliares do Ministério da Saúde, de 2003, apontou que o brasileiro possui, em média, o consumo domiciliar diário de sal de 9,6 g. Esse valor, somado ao sal proveniente de alimentos processados e dos alimentos consumidos fora de casa, perfazem um consumo de 12g de sal ao dia (o valor recomendado pela OMS é o consumo diário de sal na média de 5g). Com esse consumo excessivo, a quantidade de iodo consumida também será aumentada e acarretará os problemas relatados no post. A saída encontrada pela ANVISA, de diminuir a quantidade de iodo no sal de cozinha pode até ser válida, mas por si só não resolverá o problema. O ideal seria a redução do consumo de sal, gorduras, gorduras trans e açúcar nos alimentos.
    REFERÊNCIAS:
    SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E MATABOLOGIA http://www.endocrino.org.br/iodo-no-sal/

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  3. Ótimo post...
    Complementando seu texto gostaria de adicionar outras informação sobre a deficiência de iodo que ocorrem em mulheres grávidas ou que amamentam seus filhos. Iodo suficiente e, consequentemente, hormônios de tireoide suficientes, são fundamentais para o desenvolvimento normal do cérebro e sistema nervoso. O distúrbio mais grave causado pela deficiência de iodo durante a gravidez é o cretinismo, uma condição de atraso no desenvolvimento físico e retardo mental. Mas mesmo uma leve deficiência de iodo durante a gravidez pode estar associada a uma baixa inteligência em crianças.
    Finalizando meu comentário trago aqui algumas informações sobre como identificar a falta de iodo:
    Em adultos:
    -Sensação de pressão e aperto na garganta (sensação de “caroço”)
    -Problemas de deglutição e respiração
    -Maior circunferência do pescoço
    -Fadiga, falta de concentração
    -Sensibilidade ao frio
    -Constipação
    -Falta de energia e motivação
    -Cabelos e pele ressecados
    Em crianças:
    -Cansaço, falta de concentração e letargia
    -Queda do desempenho escolar (a falta de iodo reduz o QI em 10-15 pontos)
    -Retardo mental e físico

    Mais sobre esse assunto leiam:
    http://www.iccidd.org
    http://www.thyroid.org/patients/patient_brochures/iodine_deficiency.html
    http://www.unicef.org/progressforchildren/2007n6/index_41509.htm

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  4. Interessante a temática para vermos que, como tudo na vida, o equilíbrio é essencial, a falta e o excesso causam problemas. Acho importante destacar que a quantidade de iodo necessária para toda a vida é equivalente a uma colher de chá, todavia, ele não pode ser armazenado no corpo e, assim, precisamos ingeri-lo em pequenas doses continuamente. As fontes de iodo na alimentação incluem plantas, farinha da carne de peixe e o leite. Pesquisas sobre o consumo de iodo em humanos revelam que os produtos derivados do leite, contribuem com 38 a 50% do iodo para os adultos e 56 a 85% para as crianças. Vale ressaltar que o iodo é o único mineral cuja deficiência causa uma anomalia clínica específica e de fácil conhecimento, afetando humanos e animais domésticos, ocorrendo em, praticamente, todos os países do mundo.

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  5. A postagem dessa semana é muito interessante e informativa, pois há muitas pessoas que não sabem da existência do iodo no sal e de cozinha e/ou o por quê.
    É importante ressaltar que além da tireoidite de Hashimoto, o excesso de iodo na alimentação também pode causar a hipertireoidismo clínico e sub - clínico em idosos. Segundo a ANVISA, o desequilíbrio na síntese dos hormônios tireoidianos pode causar agravos como abortos espontâneos, natimortalidade, mortalidade infantil, distúrbios no desenvolvimento físico e mental com prejuízo da capacidade de aprendizagem das crianças), deficiência de coordenação, letargia, dano cerebral do feto ou recém-nascido, podendo acarretar em retardo mental, surdez, mudez, nanismo e cretinismo.
    Além disso, a deficiência de iodo pode trazer prejuízos sócio-econômicos ao país, pois provoca o aumento do gasto com atendimento em saúde e educação, já que incrementa as taxas de repetência e evasão escolar e ainda proporciona a redução da capacidade para o trabalho. Estratégias dirigidas para o controle da deficiência de iodo devem ser permanentes e preventivas, especialmente às gestantes, nutrizes e crianças menores de dois anos de idade.
    Referências
    Agência Nacional Vigilância Sanitária- ANVISA.
    http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/anvisa/home/alimentos/!ut/p/c4/04_SB8K8xLLM9MSSzPy8xBz9CP0os3hnd0cPE3MfAwMDMydnA093Uz8z00B_A3cvA_2CbEdFADQgSKI!/?1dmy&urile=wcm%3Apath%3A/anvisa+portal/anvisa/perguntas+frequentes/alimentos/8710ca00405018dfa4b3ac89c90d54b4

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  6. Grupo D
    Parabéns pelo post, esta bastante didático. Com relação á produção dos hormônios T3 e T4 citados no texto busquei informações sobre sua produção na tireóide, focando também a bioquímica do processo. Para a produção destes hormônios, as células foliculares sintetizam uma proteína chamada tireoglobulina (composta por uma cadeia de aminoácidos tirosina) que precisa se ligar ao íon iodeto – entrada do íon nas células feito por transporte ativo através da bomba de iodeto. A enzima peroxidase presente nas células foliculares transforma o íon iodeto no iodo em sua forma elementar, para que este possa ser utilizado para ligação com a cadeia de tirosina. Cada molécula de tireoglobulina carrega, portanto, vários radicais tirosina impregnados com molécula de iodo. Dois radicais tirosina, ligados entre sí, com 2 íons iodetos em cada uma de suas moléculas, reagem-se entre sí formando uma molécula de tiroxina (T4); 2 radicais tirosina, ligados entre sí, sendo um com 2 íons iodeto e outro com apenas 1 íon iodeto, reagem-se também entre sí formando uma molécula de triiodotironina (T3).

    Referências: Bioquímica Básica - Marzzoco e Torres; Princípios de Bioquímica - Lehninger

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