quarta-feira, 6 de maio de 2015

Quanto custa uma vacina contra HPV?


Quanto custa uma vacina de proteção contra o Antipapilomavírus Humano (HPV)?

Na Rede Privada, não é nenhum pouco barato: cada vacina custa em média de R$350,00. Contudo, são necessárias 3 aplicações, totalizando um custo de R$1.050,00.

Já no SUS, é de graça para o público alvo do programa de vacinação.

Mas como esperar que mulheres de baixa renda consigam ter acesso à proteção contra o HPV (doença que afeta em grandíssima maioria esse público)?

Por isso, foi criada em 2010 o Projeto de Lei 6820 que visava alterar a lei de nº 6259, que dispõe sobre a organização das ações de Vigilância Epidemiológica, no sentido de garantir o oferecimento da vacinação antipapilomavírus humano (HPV), que começou a vigorar desde o ano de 2014, com muitas campanhas para a vacinação de meninas com idade de 11 a 13 anos.
*em 2015: Crianças de 9 a 11 anos de idade foram incluídas na campanha


LEI No 6.259, DE 30 DE OUTUBRO DE 1975.
Art 1º Consoante as atribuições que lhe foram conferidas dentro do Sistema Nacional de Saúde, na forma do artigo 1º da Lei nº 6.229, inciso I e seus itens a e d , de 17 de julho de 1975, o Ministério da Saúde, coordenará as ações relacionadas com o controle das doenças transmissíveis, orientando sua execução inclusive quanto à vigilância epidemiológica, à aplicação da notificação compulsória, ao programa de imunizações e ao atendimento de agravos coletivos à saúde, bem como os decorrentes de calamidade pública.


A infecção pelo HPV é causa de desenvolvimento de câncer de colo do útero, mas nem todas mulheres infectadas desenvolverão câncer. Normalmente, consequências aparentes ou mesmo o câncer surgirão vários anos depois, depois de considerável progressão que inclui lesões pré-cancerosas.
Além do câncer de colo de útero, o HPV também pode estar relacionado a associado ao câncer anal, vaginal, peniano e de vulva, e, até, da região orofaríngea e do trato respiratório superior. O câncer de colo do útero é responsável por elevada morbidade e mortalidade entre as mulheres.

No Brasil, há duas vacinas registradas na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA): a bivalente (contra os tipos 16 e 18) e a quadrivalente (contra os tipos 16, 18, 6, 11).

E como funciona?

As vacinas para proteção contra o HPV são seguras e protegem por 9 anos ou mais (após três doses aplicadas num intervalo de 6 meses). São vacinas que não contém vírus vivo ou atenuado (usam tecnologia de DNA recombinante), produzindo anticorpos específicos para cada tipo de HPV, que neutralizam o vírus antes que penetre nos epitélios. Essas vacinas tem demonstrado eficácia de 90% a 100% no tratamento, prevenindo a infecção de tipo específico de HPV.

Anticorpos, ou imunoglobulinas, são proteínas sintetizadas pelos linfócitos B que são responsáveis por identificar, neutralizar e marcar corpos estranhos. Cada anticorpo dispõe de dois sítios, chamados de parátopos, que se ligam a uma parte especifica do antígeno, o epítopo. A especificidade que determina a afinidade entre anticorpos e antígenos é semelhante à existente na relação entre fechaduras e chaves. Essa interação sinaliza uma ação para que outros componentes do sistema imunológico destruam, por exemplo, microrganismos ou células tumorais.

Há de se lembrar que a vacina não  surtirá efeito  quando houver infecções por HPV preexistentes ou quando contra outros tipos de HPV. Nesses casos é necessário exames rotineiros de prevenção do câncer ginecológico através do Papanicolaou, como recomenda o Ministério da Saúde no Brasil.

A vacinação de meninas antes da exposição ao HPV é de grande vantagem para o sistema de saúde pública, principalmente financeira. À época da criação da lei, o custo da vacinação ao erário é em torno de 75 dólares por três doses (esse valor já custou o dobro), sendo que o custo ainda pode reduzir bastante.

Atualmente, estes custos ainda são bem elevados, embora sejam feitos acordos de transferência de tecnologia, também com intuito de reduzi-los. Os estudos para a implementação da vacina contra HPV apenas para meninas de 11 a 13 anos demonstraram que o custo estimado segundo o preço praticado pelo fundo rotatório da Organização Pan Americana da Saúde (OPAS), seria de R$600.000.000,00 (seiscentos milhões de reais), em torno de  1\3 do gastos atuais do Programa Nacional de Imunizações, considerando a produção, transporte e melhoria do sistema de refrigeração para armazenamento dessas vacinas, valor bem considerável, mas viável diante dos benefícios gerados a longo prazo.

Felizmente, o projeto de lei foi aprovado e atualmente a vacina contra o HPV é umas 25 vacinas inclusas no calendário do Programa Nacional de Imunizações, vacinando meninas que estão próximas a iniciar a atividade sexual em suas vidas.




Curiosidades sobre o HPV 
  • O HPV é a DST mais populosa no mundo. 
  • Seis milhões, em média, de pessoas são infectadas por ano.
  • Em torno de 80% das mulheres entram em contato com  um dos tipos de HPV durante toda a vida.
  • 630 milhões de pessoas apresentam infecção genital, com prevalência mundial de 9 a 13%.
  • A chance de se adquirir a infecção ao longo da vida é de 50%.
  • Geralmente, ocorre entre dois a dez anos após o início da vida sexual.
  • A taxa de transmissibilidade do HPV altíssima.
  • Num ato sexual há chances entre 5 e 100% de se produzir uma infecção, sendo a média de 60%.
  • ocorrem a nível mundial cerca de 530 mil casos novos de câncer do colo do útero por ano, sendo esse tipo de câncer responsável por 275 mil óbitos anuais de mulheres, no mundo.
  • A nível mundial surgem cerca de 530 mil casos novos de câncer do colo do útero por ano por causa do HPV
  • Esse tipo de CA é responsável por 275 mil, em média, óbitos anuais de mulheres, no mundo.

Bom, deu pra ver o grande passo que o Estado deu a nível de saúde pública, fazendo um grande investimento para reduzir custos maiores, por exemplo, com o atendimento e tratamento de uma quantidade considerável de mulheres com câncer de colo de útero. 

Então, mães, levem suas filhas para se vacinarem na rede pública! E jovens de um modo geral que não estão dentro da idade da campanha e não possuem condições de arcar com o custo da vacina na rede privada, tentem buscar formas de exigir dos seus candidatos políticos eleitos que essa Política Social seja mais abrangente!


Para mais informações sobre o HPV e sua prevenção, vejam o blog dos nossos colegas! Só clicar aí embaixo:



Fica o videozinho para ajudar na conscientização e até o próximo post! :)



Fontes:

  • BRASIL. Portal Brasil. Governo Federal. Cobertura da vacina HPV será ampliada a partir de 2014: Cobertura Vacinal. 2013. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/saude/2013/09/cobertura-da-vacina-hpv-sera-ampliada-a-partir-de-2014>. Acesso em: 04 maio 2015
  • BRASIL. CÂMARA DOS DEPUTADOS. PL 6820/2010: Projeto de Lei. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=466342&ord=1>. Acesso em: 04 maio 2015.
  • JINKINGS, Raphael et al. Como o vírus HPV pode induzir a formação de câncer. 2011. Blog Bioquímica do Câncer. Disponível em: <http://bioqdocancer.blogspot.com.br/2011/11/como-o-virus-hpv-pode-induzir-formacao.html>. Acesso em: 04 maio 2015.
  • VACINA CONTRA PAPILOMAVÍRUS HUMANO – HPV. 2007. Informativo Cedipi. Disponível em: <http://www.cedipi.com.br/informativo/INFORMATIVO04.pdf>. Acesso em: 04 maio 2015.
  • BRAGUETO, Tatiana; SUZUKI, Linda Emiko. Vacinas contra o Papilomavírus Humano – HPV. Revista NewsLab. Disponível em: <http://www.newslab.com.br/art03.htm>. Acesso em: 04 maio 2015.
  • SILVA, Antonio Márcio Teodoro Cordeiro; AMARAL, Marcus Vinícius Teixeira; CRUZ, Aparecido Divino da. HPV e Câncer: O Papel do Papiloma Vírus Humano na Carcinogênese. Biotecnologia Clínicaa & Desenvolvimento, v. 29, p.48-54, Disponível em: <http://www.biotecnologia.com.br/revista/bio29/hpv.pdf>. Acesso em: 04 maio 2015.
  • BRASIL. Lei nº 6259, de 30 de outubro de 1975. Dispõe sobre a organização das ações de Vigilância Epidemiológica, sobre o Programa Nacional de Imunizações, estabelece normas relativas à notificação compulsória de doenças, e dá outras providências. Lei no 6.259, de 30 de Outubro de 1975. Brasília, DF, Casa Civil - Presidência da República. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6259.htm>. Acesso em: 05 maio 2015.

6 comentários:

  1. GRUPO L
    Muito importante tratar de um assunto tão relevante coma a vacinação contra o HPV. Como bem explicitado pelo post no Brasil há dois tipos de vacinas regulamentados pela Anvisa: A bivalente e a tetravalente. Estas vacinas são compostas de partículas semelhantes aos vírus, chamadas VLPs (virus like particle). As VLPs são cópias do capsídio viral, formadas pela agregação espontânea de proteínas sintetizadas em laboratório por meio de sistemas biológicos e codificadas pelo gene L1, específico de cada HPV. Estas VLPs são destituídas de DNA no seu interior e assim, não causam infecção. Dessa forma, o sistema imunológico é recrutado para fazer a defesa do corpo e gera as células de memória, que produziram anticorpos prontamente se o corpo entrar em contato com o vírus novamente. Apesar de já existir em lei a garantia à vacinação, um grande problema ainda persiste que é a cobertura ainda restrita apenas a algumas faixas etárias. Além disso, vacinação contra o HPV tem um custo muito elevado, o que faz com que os grupos de maior risco para CCU não tenham acesso ao benefício. A vacina contra o HPV é mais uma estratégia possível para o enfrentamento do problema, mas ainda há muitas perguntas sem respostas relativas à vacina do HPV. A duração da imunidade conferida pela vacina do HPV também não foi determinada ainda, principalmente pelo pouco tempo em que é comercializada no mundo, desde 2007. Até o momento, só se tem convicção de cinco anos de proteção. Na verdade, embora se trate da mais importante novidade surgida na prevenção à infecção pelo HPV, ainda é preciso delimitar qual é o seu alcance sobre a incidência e a mortalidade do câncer de colo do útero.
    REFERÊNCIA
    Conselho Regional de Medicina do Estado da Paraíba. http://www.crmpb.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=21904:vacina-contra-hpv&catid=46:artigos&Itemid=483

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  2. Estão de parabéns! Excelente postagem! Gostaria de acrescentar alguns dados do balanço feito no ano passado das campanhas de vacinação contra HPV.
    Em menos de três meses de mobilização, mais de 4,1 milhões de meninas já receberam a primeira dose da vacina contra HPV (Papiloma Vírus Humano). O número representa 83,5% do público-alvo, formado por 4,9 milhões de adolescentes na faixa-etária de 11 a 13 anos. A meta era vacina 80% deste grupo. A partir de setembro, as meninas receberão a segunda dose da vacina.
    Os estados com maior cobertura são Ceará, com 98,8% do público prioritário vacinado; São Paulo, com 96%; e Santa Catarina, com 92,8%. Para o ministro da Saúde, Arthur Chioro, o esforço dos estados e municípios de seguir a recomendação do Ministério e realizar a vacinação nas escolas contribuiu para o bom desempenho da mobilização.
    Até a próxima!

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  3. Abordaremos essa semana a prevenção do HPV! Postagem ótima para fazer uma sinergia com a nossa.

    Interessante que mesmo sendo um vírus altamente contagioso (com a média de 60% de transmissão por relação, como citado), e com grande grau de infecção da população geral (em cerca de 2 anos de vida sexual ativa, 50% das pessoas já está infectada), ainda há grande resistência por parte da população mais conservadora. Acreditam que pode haver uma maior promiscuidade das adolescentes, por acharem que estão seguras. Entretanto, a vacina protege somente das cepas com maior probabilidade de causarem o câncer, e não protege de outras DSTs.

    Interessante que o HPV, quando infecta uma celula humana, insere seu genoma no do hospedeiro. Seu DNA circular se linearização e se insere, perdendo o henê que regula sua replicação (gene E2). Assim, ha uma superexpressão dos demais genes, o que causa uma desordem na replicação da celula e pode levar ao surgimento do tumor maligno.

    Tanto a Sociedade Brasileira de Pediatria quanto a Sociedade Brasileira de Imunizações são favoráveis à vacinação, com óbvios motivos.

    E mesmo os efeitos colaterais "(...)apresentam reversão rápida, sem qualquer consequência residual, e não se comprovou relação causal com a vacina, e sim temporal".

    Com uma adesão satisfatória, podemos ter a primeira geração de mulheres livres do câncer de colo de útero (ou pelo menos com baixa incidência) do Brasil.

    FONTES: http://www.sbim.org.br/noticias/sbim-e-sbp-enfatizam-a-importancia-da-vacina-hpv/

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    1. Fonte 2: www.biotecnologia.com.br/revista/bio29/hpv.pdf&lc=pt-BR&s=1

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  4. Muito boa a postagem! É interessante conhecermos o vírus e seu mecanismo de ação. O HPV pertence à família Papillomaviridae, gênero Papilomavírus. São vírus não envelopados de simetria icosaédrica, com capsídeo composto por 72 capsômeros e um genoma de DNA dupla fita circular, com cerca de 8.000 pares de bases. O HPV é uma condição necessária para o aparecimento de câncer cervical, porém, o baixo número de mulheres que desenvolvem o câncer comparado ao de infectadas, mostra que só ele parece ser insuficiente para isso. O câncer de colo de útero apresenta progressão lenta, precedido por lesões precursoras, denominadas neoplasias intraepiteliais cervicais (NICs), sendo essas classificadas em NIC1, NIC2 e NIC3, de acordo com o grau de comprometimento epitelial. Apresentam como característica a perda de função celular básica, como amadurecimento e controle da divisão celular. Importante ressaltar que a forma que o genoma do vírus atua no núcleo da célula hospedeira está diretamente relacionado ao risco oncogênico; os de baixo risco, mantém o DNA íntegro, circular e epissomal, enquanto os de alto risco, abrem o DNA, sofrem deleções e se integram no genoma da célula hospedeira.
    Até a próxima ;)

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  5. GRUPO M
    A infecção por papiloma vírus é um problema de saúde pública, pois afeta milhões de pessoas pelo mundo. Existem mais de 200 tipos diferentes de HPV, os de tipos 6 e 11, causam verrugas genitais e papilomas laríngeos, porém parecem não progredir para malignidade, já os tipos 16, 18, 31, 33, 45 e 58 têm probabilidade maior de persistir e estarem associados a lesões pré-cancerígenas e tumores genitais.
    A vacina contra o HPV é de grande importância na prevenção do câncer de colo de útero, e como já foi dito no post, no Brasil, há duas vacinas registradas na Agência Nacional de Vigilância Sanitária: a bivalente contra os tipos 16 e 18, e a quadrivalente contra os tipos 16, 18, 6, 11.
    A vacina oferecida pelo Ministério da Saúde é a quadrivalente e tem demonstrado de 90% a 100% de eficácia. A proteção contra a infecção depende da quantidade de anticorpos produzidos pelo indivíduo vacinado (e é por isso que a vacinação deve ser feito na adolescência , pois nessa idade há maior produção de anticorpos contra o HPV), a presença destes anticorpos no local da infecção e a sua persistência ao longo do tempo.
    É importante lembrar que a vacina protege apenas contra o HPV, enquanto a camisinha além de oferecer proteção contra o HPV, oferece também contra outras doenças sexualmente transmissíveis. Portanto não esqueçam: USEM CAMISINHA! Hahaha
    Referências
    http://portalarquivos.saude.gov.br/campanhas/hpv/
    http://www.newslab.com.br/art03.htm

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